A colheita da batata - 1874


Tamanho (cm): 75x60
Preço:
Preço de venda€237,95 EUR

Descrição

Na obra “A Colheita da Batata” (1874) de Camille Pissarro, revela-se uma cena rural que se insere de forma crítica e contemplativa no contexto da vida camponesa do século XIX. Esta pintura, representativa do movimento impressionista, destaca-se pela fusão de técnicas e pela sensibilidade ao quotidiano do trabalho agrícola. Pissarro, conhecido por seu foco na vida camponesa e pela representação da paisagem rural, captura um momento efêmero de colheita que parece ao mesmo tempo íntimo e monumental.

A composição da obra apresenta um arranjo equilibrado que guia o olhar do espectador pela cena. À frente, trabalhadores ajoelhados no chão, as suas figuras integram-se na paisagem, onde as batatas parecem brotar do solo, simbolizando tanto o esforço humano como a generosidade da terra. Os indivíduos são representados com um naturalismo que reflecte o seu trabalho árduo e a sua ligação ao meio ambiente. Amostras de trabalho são claramente visíveis e os gestos dos agricultores transmitem um sentido de comunidade e dedicação.

O uso da cor por Pissarro é essencial para a atmosfera desta obra. Os tons predominantes de castanhos, verdes e ocres não só representam a terra e a vegetação, como também evocam uma sensação de calor e vitalidade. Esse tratamento cromático, aliado à técnica de aplicação com pincel solto e breve, confere à obra o imediatismo e o frescor característicos do Impressionismo. A luz, filtrada por um céu levemente nublado, dá vida às cores e faz respirar a cena, trazendo um caráter quase poético ao trabalho diário.

As personagens, embora não individualizadas no sentido tradicional do retrato, caracterizam-se pela sua vestimenta e postura simples, sugerindo tanto o seu papel no processo de colheita como a sua dignidade no trabalho árduo. A narrativa visual é clara: estes homens e mulheres não trabalham apenas para sobreviver, mas também fazem parte de um ciclo de vida mais amplo, que celebra a ligação entre o homem e a terra. A inclusão de um campo que se estende até ao fundo reforça esta ideia de continuidade e colaboração com a natureza.

Pissarro, como figura central do Impressionismo, utilizou as suas obras para desafiar as representações tradicionais da vida urbana e rural. Através de “A Colheita da Batata”, mergulha na realidade social do seu tempo, tornando-se não apenas um observador, mas um cronista da vida rural. Esta pintura pode, de certa forma, ser comparada a outras obras dos seus contemporâneos, como “A Colheita” de Jean-François Millet, onde a temática do trabalho agrícola também é explorada, mas com um tom mais melancólico.

A obra insere-se num período vital da carreira de Pissarro, que caminhava para desenvolver um estilo mais livre e experimental. Esta peça, em particular, destaca-se não só pela técnica, mas pela empatia que demonstra para com os seus temas. É um lembrete de que na luta diária do ser humano, nas tarefas mais simples da vida, reside a beleza e o significado profundo.

“A Colheita da Batata” continua a ser um testemunho da arte de Pissarro, uma obra que destaca o valor da vida quotidiana e o impacto do trabalho na identidade do indivíduo e da comunidade. A combinação de técnica, cor e temática fazem desta obra um marco no Impressionismo, garantindo seu lugar não só na história da arte, mas também no coração de quem encontra beleza no cotidiano.

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