Oannes - 1904


tamanho (cm): 60 x 75
Preço:
Preço de venda7,771.00TL

Descrição

A obra "Oannes" de Odilon Redon, pintada em 1904, é um exemplo fascinante do simbolismo tardio do artista, que é conhecido por sua capacidade de misturar o onírico e o espiritual com elementos da natureza. Redon, que iniciou sua carreira como gravador, dedicou sua vida a explorar o misterioso e o incomum na realidade perceptível, buscando alcançar uma expressão além do físico e do tangível. “Oannes” é uma manifestação sublime desta sensibilidade e do seu interesse pelo mundo dos mitos e da poesia.

A composição apresenta uma figura central que evoca a forma de uma criatura mitológica, Oannes, considerada na antiguidade como um ser que emergiu das águas e trouxe conhecimento e cultura para a humanidade. Esta representação insere-se numa paisagem onírica e nebulosa, onde a depressão dos horizontes sugere um espaço quase aquático, honrando a essência do seu nome. A figura, de linha sinuosa e serpentina, desenvolve-se num ambiente envolvente que parece fundir-se com a sua própria forma, o que reforça a ligação entre o ser e o elemento. Isto, juntamente com a atmosfera enigmática que caracteriza muitas das obras de Redon, convida o espectador a mergulhar num mundo onde a imaginação e a realidade coexistem.

O uso da cor em “Oannes” é notável. A paleta é predominantemente fria, com azuis profundos e tons verdes que evocam a água, complementados por toques de sombras roxas e lilases que sugerem profundidade emocional e ambiguidade. Esta abordagem não só maximiza a sensação do aquático, mas também contribui para a atmosfera penetrante e melancólica que permeia a peça. As transições suaves entre essas cores ocupam o centro da obra, criando uma sensação de fluidez e continuidade que é característica do simbolismo de Redon.

Quanto à figura central, Oannes é representado com uma espécie de rosto humanóide que se destaca pelos seus traços especiais e estilizados, que confrontam o observador com o paradoxo da familiaridade e da estranheza. Esta não é uma representação detalhada ou realista; Pelo contrário, a sua forma é quase abstrata, permitindo uma interpretação livre e pessoal. Esta ambiguidade ressoa no estilo de Redon, que frequentemente evitava o literal nas suas obras em favor de insinuações emocionais e espirituais.

Este trabalho também nos convida a considerar a rica herança cultural que Redon reinterpretou ao longo de sua carreira. A influência da mitologia e da literatura clássica, juntamente com o simbolismo na pintura, permite-nos observar como a sua produção artística aborda temas de transcendência e conhecimento. Redon, hoje pioneiro do modernismo, revela em “Oannes” um diálogo entre o antigo e o contemporâneo, onde este ser mitológico não é apenas um eco de tradições passadas, mas também um veículo para novas reflexões sobre o ser humano e o seu lugar no. universo.

“Oannes” insere-se na tradição da pintura simbólica, onde a representação vai além da mera imagem, procurando revelar verdades escondidas e explorações internas. O seu estilo, caracterizado pelo etéreo e alucinatório, pode ser comparado a outras obras de Redon como "O Sonho" ou "A Vida na Natureza", que também reflectem o seu desejo de captar a essência do subconsciente e dos desejos humanos. Em última análise, “Oannes” é uma obra aberta a múltiplas interpretações e que, através das suas formas e cores, convida cada espectador a uma viagem pessoal ao desconhecido.

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