Soneca - 1913


Tamanho (cm): 75x60
Preço:
Preço de venda€238,95 EUR

Descrição

Jules Pascin, destacado representante da vanguarda artística do século XX, oferece-nos na sua obra “Siesta” de 1913 um olhar fascinante sobre a intimidade do momento e a sensualidade do descanso. Nesta pintura, Pascin capta com maestria a essência da sesta, um conceito cultural profundamente enraizado em diversas tradições, que na sua representação visual tem um sentimento quase onírico. A obra insere-se num contexto parisiense, onde o artista, de origem búlgara, se estabeleceu como um expoente do modernismo e da expressão figurativa que englobava tanto a vida quotidiana como os prazeres efémeros da existência.

A composição de “Siesta” irradia uma calma envolvente. Em primeiro plano, o corpo de uma mulher está estendido sobre um sofá, criando uma relação harmoniosa com o espaço. O drapeado do tecido que o envolve flui com elegância, destacando o langor e o abandono que a cena transmite. Este foco no corpo ocorre no contexto de um ambiente doméstico que, embora íntimo, também faz parte de uma série maior de retratos de figuras humanas que caracterizam a obra de Pascin. A escolha da figura feminina coloca a mulher no centro das atenções, recurso que Pascin utiliza repetidamente para explorar a dinâmica da feminilidade e da sensualidade.

A paleta de cores de "Siesta" destaca-se pela sutileza. Os tons quentes da pele da mulher contrastam delicadamente com os tons frios que aparecem no fundo, criando um diálogo visual que convida o espectador a absorver a atmosfera de tranquilidade e descanso. Os ocres, rosas e lilases entrelaçados na composição refletem uma luminosidade que prepara o ambiente para a contemplação. Esta utilização da cor não é apenas uma escolha estética, mas também sugere uma ligação intrínseca entre a figura humana e o seu ambiente, simbolizando assim o diálogo entre o indivíduo e o espaço que habita.

No que diz respeito à técnica, Pascin demonstra excepcional habilidade na representação da figura humana, um diferencial em seu trabalho. As linhas suaves e as formas quase esboçadas da mulher de “Siesta” revelam o seu estilo, que pode ser descrito como uma mistura de expressionismo e modernismo. A obra vibra com uma sensação de imediatismo e frescor, características que conversam com a estética de seu contemporâneo Henri Matisse, com quem compartilha o interesse pela experiência sensorial através da pintura.

Pascin também é conhecido por seus retratos e cenas da vida boêmia em Paris, capturando os prazeres e as sombras da vida urbana. Em “Siesta”, embora a figura central seja um estudo individual, insere-se numa tradição mais ampla de exploração do corpo na arte, onde a intimidade e a individualidade estão intrinsecamente ligadas. Esta exploração do ser humano, não só na sua superfície, mas na sua relação com a vida na cidade e na procura de momentos de paz no meio do caos, é um fio condutor que atravessa muitas das suas obras.

A obra de Pascin, na sua particular delicadeza e lirismo, suscita reflexões profundas sobre a natureza da vida moderna e as necessidades humanas de descanso e descanso. “Siesta” continua a ser um convite à contemplação, onde a figura da mulher se torna não só um objecto de desejo, mas um símbolo de tranquilidade e de procura da paz num mundo que raramente nos concede. Aqui, na transitoriedade do momento, Pascin encapsula a essência da vida – a necessidade de parar, de respirar e de mergulhar na tranquilidade da existência, um legado que ressoa no seu trabalho e continua a cativar os espectadores contemporâneos.

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