A garrafa de Bordeaux - 1915


Tamanho (cm): 75x60
Preço:
Preço de venda1.070,00 lei RON

Descrição

A pintura "A Garrafa de Bordéus" (1915) de Juan Gris é uma obra icônica que sintetiza os princípios do cubismo sintético, estilo que Gris ajudou a definir e aperfeiçoar. Nesta obra, o artista espanhol, com a sua abordagem particular, transforma um objecto simples numa composição complexa que desafia a percepção tradicional do espaço e da forma. A garrafa Bordeaux surge como elemento central da composição, rodeada de outros objetos que reforçam a interação entre eles através da geometria e do arranjo.

À primeira vista, a obra apresenta-nos uma paleta dominada pelos tons castanhos, ocres e verdes, complementados por tons de azul e preto. Esta abordagem cromática não só estabelece uma atmosfera acolhedora, mas também chama a atenção para as garrafas como protagonistas. Através da sobreposição de planos e da fragmentação de formas, Gris garante que cada elemento da pintura não seja apenas um objeto individual, mas também interaja no todo. As interseções e formas angulares criam relações visuais que convidam o espectador a explorar a obra com atenção.

A complexidade do arranjo espacial é uma prova do virtuosismo de Gris no uso do cubismo. Ele decompõe as formas e as reconstrói de tal forma que os objetos parecem flutuar num espaço indeterminado. Esta técnica, característica do cubismo, permite ao espectador observar o mundo de uma forma diferente, sugerindo múltiplas perspectivas a partir de um único ponto de vista. Em "A Garrafa Bordeaux", cada elemento - desde a própria garrafa aos pratos e outros objetos - é apresentado numa série de planos interligados, facilitando uma contemplação do espaço que vai além da mera representação.

Um dos aspectos mais interessantes desta pintura é a forma como Juan Gris, ao contrário de outros cubistas, utiliza a clareza no desenho e a legibilidade dos objetos. A garrafa Bordeaux, colocada em destaque no centro, é icónica não só pela sua representação, mas também pelo simbolismo que carrega. A escolha de uma garrafa de vinho pode aludir à cultura e à história francesa, tema que ressoa fortemente na arte da época, e que também reflecte a vida e obra de Gris, que passou grande parte da sua carreira em Paris.

O cinza, muitas vezes conhecido como o “cubista da cor”, proporciona matizes que sugerem profundidade e volume, levando-nos a questionar a planicidade da obra. Através das camadas de cor e da intrincada disposição dos elementos, a pintura torna-se uma viagem visual que nos convida a aprofundar a relação entre o conhecido e o abstrato. Como é habitual na sua obra, não existem personagens visíveis que distraiam o diálogo entre os objetos, o que faz com que o espectador se torne um observador silencioso deste universo construído.

Neste sentido, “A Garrafa de Bordeaux” não é apenas um simples estudo de objetos, mas uma exploração da representação e da percepção. A obra oferece uma rica interpretação da realidade que leva o espectador a meditar sobre a natureza do visível e do oculto. Na evolução do cubismo, Gris posiciona-se como uma ponte entre a ruptura radical do cubismo analítico e do cubismo sintético, onde a interpretação da realidade através de símbolos e formas geométricas se torna uma linguagem visual que ainda ressoa fortemente na arte contemporânea. Assim, este trabalho não é apenas um marco na sua carreira, mas também um testemunho do impacto duradouro do cubismo na história da arte.

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