Tamanho (cm): 55x75
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Descrição

A pintura “Mono” (Mono, que significa “Macaco” em japonês) de Tomioka Tessai é uma obra que reflete a mestria do artista na fusão entre o tradicional e o inovador na arte japonesa do século XIX. Considerado um dos grandes representantes do estilo Nihonga, Tessai destaca-se pela capacidade de captar a essência da natureza e da cultura japonesa através de técnicas e temas clássicos e modernos. A obra apresenta a imagem central de um macaco, que se torna o veículo através do qual o artista explora temas como o livre arbítrio, o caráter humano e a relação entre a natureza e a humanidade.

Visualmente, a pintura se caracteriza por traços fluidos e uma paleta de cores sutis que evocam um tom de requinte e serenidade. O macaco, protagonista indiscutível da composição, é tratado com uma abordagem detalhada que destaca a textura do seu pelo e a expressão do seu rosto, conferindo-lhe uma personalidade única. Esta abordagem confere ao macaco uma qualidade quase antropomórfica, fazendo o espectador refletir sobre a relação entre o homem e o macaco, tema comum na arte japonesa que encontra eco nas tradições literárias e folclóricas do país.

A composição é habilmente equilibrada, com o macaco colocado numa posição central que atrai o olhar do espectador, enquanto o fundo é apresentado num desenho mais difuso, quase etéreo, evocando uma sensação de espaço e profundidade. A atenção aos detalhes na representação do macaco é contrastada com um fundo mais suavemente desenhado, reforçando a ideia de que o sujeito não está isolado, mas faz parte de um ambiente maior e dinâmico.

O uso da cor em “Mono” é particularmente notável; Tons suaves de cinza, marrom e tons de verde criam um ambiente calmo que convida à contemplação. Tessai utiliza uma abordagem quase pictórica, semelhante à da aquarela, onde as cores parecem se fundir, criando sombras e luzes que dão vida ao macaco. Este uso da cor e da técnica enfatiza a conexão do artista com o ambiente natural.

Tomioka Tessai, que floresceu num período de transição no Japão durante o final do período Edo e início da era Meiji, enfrentou a influência da arte ocidental e de novas correntes estéticas e temáticas. Através de obras como "Mono", Tessai manteve-se fiel à sua formação na arte clássica japonesa, ao mesmo tempo que explorava novas formas de expressar ideias através das suas representações. Isto reflete o seu compromisso com a tradição, mas também o seu desejo de inovar e adaptar-se aos seus tempos.

Em relação às demais obras de Tessai, “Mono” pode ser vista como parte de um diálogo mais amplo em que o artista aborda a natureza e os seres vivos, permitindo que suas obras reflitam tanto a estética que aprendeu quanto sua interpretação pessoal da realidade. A utilização de animais, especialmente do macaco, não é apenas um recurso artístico, mas uma poderosa simbologia que atravessa muitas dimensões do pensamento japonês, abrangendo espiritualidade, natureza e identidade cultural.

Em suma, “Macaco” de Tomioka Tessai não é apenas uma representação de um animal, mas uma reflexão profunda sobre a ligação entre a humanidade e o mundo natural. Sua técnica, temática e narrativa visual convidam o espectador a uma meditação introspectiva sobre a vida, a natureza e nossa relação com outras formas de existência. A obra é um testemunho do talento de Tessai e do seu lugar na história da arte japonesa, preservando em cada pincelada um eco da sabedoria que foi cultivada ao longo de gerações.

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