A pior coisa é implorar - 1815


Tamanho (cm): 75x55
Preço:
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Descrição

A obra “O pior é mendigar”, pintada por Francisco Goya em 1815, é um poderoso comentário visual que reflete a dura realidade social do seu tempo, atolado na sombra da pobreza e do sofrimento humano. Goya, mestre da arte espanhola e precursor da modernidade, utiliza esta pintura não apenas como veículo estético, mas também como meio de crítica social. Ao observar a obra, encontramos uma cena que renuncia à idealização da miséria. No centro, duas figuras destacam-se numa apresentação intimista e comovente. Um homem ajoelha-se com a cabeça baixa, num gesto que evoca súplica e entrega, enquanto a sua aparência denota um estado de abandono e desolação. Ao lado dele, uma mulher segura uma criança, intensificando a sensação de vulnerabilidade e desespero. A presença da criança potencializa o impacto emocional, pois simboliza a inocência presa num ciclo de pobreza e desesperança.

A composição da obra é deliberadamente assimétrica, com as figuras colocadas num dos lados da tela, contraindo-se num movimento quase claustrofóbico. Esse deslocamento contribui para a iminente sensação de isolamento, característica que Goya emprega com maestria para provocar empatia no espectador. Os tons escuros e terrosos predominam na paleta, criando uma atmosfera sombria que nos convida a contemplar o sofrimento. Goya evita a luminosidade, optando por criações de sombras que realçam o peso emocional da cena. A iluminação parece provir de um holofote externo, possivelmente imaginário, que destaca a fragilidade das figuras e seu entorno opressivo. Os contrastes entre luz e sombra contribuem para a profundidade da imagem, conferindo uma cadência quase teatral a esta performance comovente.

Através do uso de um estilo naturalista, Goya ultrapassa os limites do romantismo, aproximando-se de uma representação mais crua da existência humana. A obra, portanto, pode ser interpretada como uma ponte entre o classicismo e os primórdios do realismo social que floresceria na arte do século XIX. A humanidade das suas figuras é palpável, o que aumenta a urgência da mensagem: o perigo e a desolação da mendicância são elementos que assombram não só as personagens representadas, mas também alertam o espectador para uma condição que se repete ao longo da história.

Francisco Goya é conhecido pela sua capacidade de captar a essência do sofrimento humano na sua arte. Nesta pintura, como em outras de sua vasta produção, como “3 de maio de 1808” e “Os Desastres da Guerra”, Goya mergulhou nos sofrimentos e nas injustiças de sua época, contribuindo para a reflexão sobre a condição humana. "Lo Peor Es Begging" não está apenas enraizado no contexto social e económico da Espanha do século XIX, mas também ressoa ao longo das décadas, lembrando-nos que a luta contra a pobreza e a desesperança é uma narrativa perpétua na história da humanidade.

O título, que nos alerta sobre o horror da mendicância, ressoa com uma clareza perturbadora. Através desta obra, Goya confronta-nos não só com um cenário de miséria, mas com a realidade de que, de todos os infortúnios que o ser humano pode enfrentar, o pedido de ajuda e a perda de dignidade são, talvez, os mais dolorosos. Goya, com sua maestria indireta e abordagem realista, nos convida a refletir sobre nossa própria humanidade e nossa relação com quem sofre, fazendo de “O pior é implorar” uma obra que transcende o tempo e o espaço.

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