Lâmia - 1909


tamanho (cm): 55x85
Preço:
Preço de venda3.183,00 NOK

Descrição

A obra-prima de John William Waterhouse, "Lamia", pintada em 1909, encapsula uma narrativa e um estilo que revelam tanto seu domínio da técnica quanto sua exploração de temas mitológicos. Waterhouse, um dos principais representantes do movimento pré-rafaelita, conhecido pela sua atenção aos detalhes e pela sua capacidade de infundir um sentido de emoção e drama nas suas obras, encontra em "Lamia" uma manifestação singular da sua visão artística.

No centro da composição está Lamía, figura que encarna a dualidade entre beleza e monstruosidade, inspirada na mitologia grega. A obra apresenta Lamía em um momento de introspecção, seu olhar distante e melancólico sugere sua história trágica, marcada pelo amor e pela perda. A composição é emoldurada por um fundo exuberante e onírico, uma selva de vegetação que evoca uma atmosfera de misticismo e mistério.

O uso da cor em "Lamia" é particularmente notável. Waterhouse utiliza uma paleta rica e vibrante, onde predominam os tons verdes e dourados, criando uma atmosfera que oscila entre o etéreo e o terreno. Os estudos de luz e sombra refletem a sua capacidade de dar vida aos detalhes mais subtis, desde a delicadeza da pele de Lamía às texturas das folhas que a rodeiam. Esta atenção à cor e à luz não só caracteriza a sua técnica, mas também intensifica a emotividade da obra, reforçando a sensibilidade do espectador face à situação da protagonista.

A figura de Lamía, vestida com uma túnica que evoca as vestimentas de personagens mitológicos, torna-se o epicentro visual. A forma como o seu corpo é contornado em harmonia com a vegetação sugere um vínculo profundo entre ela e o seu ambiente, talvez simbolizando a fusão entre a natureza e o sobrenatural. Porém, a expressão do seu rosto, que combina tristeza e saudade, convida-nos a refletir sobre a história escondida por trás da sua beleza. A mitologia de Lamía, que se transformou em uma criatura monstruosa após um amor fracassado, ressoa em sua postura solitária e no ar nostálgico que permeia a cena.

O contexto histórico em que este trabalho é criado também é interessante. No início do século XX, a arte na Europa estava a ser impactada por mudanças radicais, do Impressionismo à ascensão de movimentos de vanguarda. Waterhouse, no entanto, permaneceu fiel a uma estética que celebrava a literatura, a mitologia e o simbolismo, permitindo-lhe destacar-se num cenário artístico em mudança. Esta escolha de temas e do seu modo de vida expressa um desejo de evocar o passado, uma referência à rica história cultural da mitologia que, embora agora afastada da abordagem radical da época, continua a ressoar nas sensibilidades contemporâneas.

Concluindo, “Lamia” é uma reflexão poderosa sobre beleza, perda e memória. Através do seu domínio técnico, John William Waterhouse convida o espectador a entrar num mundo onde o real e o fantástico coexistem, utilizando a arte como meio para explorar as complexidades da condição humana e a tragédia da existência. Este trabalho permanece como um testemunho da capacidade da arte de comunicar emoções profundas e narrativas evocativas, fazendo de Waterhouse uma figura central na história da arte.

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