Descrição
Esta pintura de Giovanni Bellini muitas vezes é comparada com uma pintura que seu cunhado Andrea Mantegna fez alguns anos antes sobre o mesmo tema. É óbvio que Bellini pintou com um estilo mais tranquilo, enquanto Mantegna enfatizou as emoções de Jesus ao colocar a cena em uma paisagem muito dura. Bellini, por exemplo, mostra um belo amanhecer, oferecendo assim esperança e salvação em vez de prever o desastre.
A pintura mostra a cena clássica bíblica no Monte das Oliveiras em frente a Jerusalém. O discípulo de Cristo, Judas, visível além do rio, conduzindo um grupo de soldados em direção a Cristo, o traiu. Cristo, consciente de sua iminente prisão e morte, ora; aparece um querubim e lhe apresenta um cálice. O cálice se refere às palavras de sua oração: “Pai meu, se possível, passe de mim este cálice; contudo, não como eu quero, mas como tu queres” (Mateus 26:39).
Aqui Bellini experimenta com o estilo de seu cunhado Mantegna: as formas de rocha em primeiro plano à esquerda têm bordas retas e parecem como se tivessem sido esculpidas com um cinzel. As cortinas também se assemelham às de Mantegna em seus dobras nítidas e precisas.
A túnica rosa de Cristo se funde com a luz pêssego do céu ao amanhecer, que destaca a parte inferior das nuvens rechonchudas. Bellini continuaria desenvolvendo sua extraordinária sensibilidade para os efeitos mutáveis da luz nas paisagens ao longo de sua carreira.
Como Mantegna influenciou fortemente Giovanni Bellini, a maior parte de seus primeiros trabalhos, como A Agonia no Jardim, é igual à de seu cunhado.
Giovanni emprega a utilização de linhas de contorno fortes, bem como o escorço das imagens adormecidas para praticar o estilo de pintura do cunhado e eventualmente desenvolver sua técnica. Seu estilo de pintura emite magistralmente o tom geral e a emoção da esperança que atravessa o sofrimento mostrado pela expressão de Jesus.
Ao longo da vida pictórica, Giovanni demonstrou seu estilo de pintar através do uso da luz. Explora os raios e as sombras de formas que provocam as imagens bidimensionais em figuras vivas tridimensionais.
A pintura Agonia no Jardim incorpora o sol nascente em todo o fundo que lança luz sobre Jesus Cristo e os discípulos adormecidos. Na maioria das pinturas, a prisão de Cristo no Jardim do Getsêmani sempre foi representada sob a escuridão ou com um brilho tênue de luz.
A pintura foi uma das cinco obras, incluindo o Retrato de um Matemático, que foi danificada em um protesto sufragista.
Não se sabe muito sobre a recepção de a pintura durante a vida de Bellini. Como o artista não recebeu sua primeira encomenda conhecida até 1470, esta obra possivelmente foi parte de seu aprendizado ou serviu para promover o trabalho de Bellini com técnicas que lhe ensinara seu cunhado.