A Bordadeira ou Mette Gauguin - 1878


Tamaño (cm): 50 x 75
Preço:
Preço de venda€239,95 EUR

Descrição

A obra "A Bordadeira" ou "Mette Gauguin" de Paul Gauguin, pintada em 1878, é uma representação significativa da fase inicial do artista, período em que seu estilo começava a tomar corpo, embora ainda influenciado por correntes de realismo e pintura impressionista. Este retrato é uma prova do interesse de Gauguin pela figura feminina e pela vida quotidiana, servindo também como uma exploração dos elementos de cor e composição que mais tarde definiriam a sua obra.

No centro da composição encontramos Mette, esposa de Gauguin, num gesto que exala calma e concentração enquanto borda. A figura é representada quase frontalmente, o que dá uma sensação de intimidade ao espectador. Mette é capturada num estado de profunda atenção, e a forma como o seu corpo se inclina ligeiramente para a frente sugere uma ligação entre a artista e o ato de criação, através da agulha e da linha. A postura é simples mas poderosa, refletindo uma mistura de vulnerabilidade e força na sua ocupação.

O uso da cor neste trabalho é notável. Gauguin utiliza uma paleta de tons quentes que predominam no fundo, como o dourado e o ocre, que contrastam com as cores mais frias e escuras das roupas de Mette. Este jogo de cores não só cria profundidade, mas também estabelece uma atmosfera acolhedora e quase nostálgica, um refúgio onde o espectador pode ficar preso. Este contraste entre calor e frieza faz parte da busca de Gauguin para capturar a essência da vida íntima e interior do seu tema.

A disposição do fundo é igualmente significativa. O tecido do bordado em que Mette trabalha desempenha um papel crucial em todo o trabalho. A sua textura e padrão trazem uma dimensão adicional à imagem, sugerindo um mundo onde a criatividade manual e a vida quotidiana se entrelaçam. As sombras suavemente estampadas que caem sobre a bordadeira acrescentam um realismo sutil que contrasta com a estilização que caracterizaria fases posteriores da carreira de Gauguin.

Este retrato revela o fascínio de Gauguin pelo simbolismo nas suas primeiras obras, embora não tão explicitamente como na sua arte posterior. A figura de Mette não representa apenas uma mulher no seu papel quotidiano, mas também pode ser interpretada como um símbolo da vida familiar e das ligações emocionais que Gauguin valorizava. Através da sua esposa, o artista entra num mundo de experiências emocionais e criativas, mostrando como o trabalho mais doméstico pode ter um significado profundo.

Além disso, “A Bordadeira” pode ser visto no contexto da evolução do retrato feminino na arte. Enquanto muitos dos seus contemporâneos capturaram mulheres em contextos mais idealizados ou mitológicos, Gauguin opta por uma abordagem mais pessoal e realista, apresentando Mette como ela era, no seu ambiente quotidiano. Isto sugere uma ligação mais profunda com o sujeito, tendência que se acentuaria em sua carreira para a utilização de figuras humanas e simbolismos em um contexto mais expressivo.

No seu conjunto, “A Bordadora” não é apenas uma obra que destaca a habilidade técnica de Gauguin na representação da figura humana e a sua capacidade de fundir cor e forma, mas também introduz o espectador num mundo mais íntimo e emocional. Esta pintura, embora menos conhecida do que as suas obras posteriores, desempenha um papel crucial na narrativa do desenvolvimento artístico de Gauguin, antecipando elementos que se tornariam centrais na sua iconografia e estética distintivas. Assim, ao contemplarmos esta obra, mergulhamos na gênese de um mestre que faria do simbolismo e da cor suas mais poderosas ferramentas de expressão.

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