Icaro 1944


tamanho (cm): 40 x 60
Preço:
Preço de venda¥31,500 JPY

Descrição

"Ícaro", criada por Henri Matisse em 1944, é uma obra-prima que exemplifica a abordagem inovadora do artista em seu período final, quando se dedicou à técnica de recorte em papel pintado conhecida como "guaches découpés". Esta pintura faz parte da sua série "Jazz", um conjunto de obras vibrantes que refletem a vitalidade e a simplicidade ousada que definiram os seus últimos trabalhos. A figura central de “Ícaro” é uma silhueta preta estilizada, flutuando num ambiente de azul profundo, rodeada de estrelas douradas que parecem pulsar com uma intensidade emocional e luminosa.

A composição de “Ícaro” destaca-se pela aparente simplicidade e expressividade. A figura negra, representando Ícaro, é criada a partir de um contorno simples mas eficaz, com braços e pernas estendidos num gesto que evoca tanto a subida como a descida. O peito do personagem é marcado por um coração vermelho vibrante que sugere uma intensidade de sentimento, talvez a paixão e a audácia que levaram Ícaro a voar muito perto do sol. Este uso concentrado da cor no coração proporciona um ponto de interesse que contrasta fortemente com a austeridade do resto da figura.

O fundo azul que rodeia Ícaro é profundo e escuro, quase noturno, sugerindo um vasto céu ou, mais simbolicamente, o vazio do espaço. As estrelas douradas espalhadas ao redor de Ícaro não atuam apenas como elementos decorativos, mas também realçam um efeito dramático; Estas estrelas, com as suas formas irregulares e resplandecentes, conferem à cena uma qualidade etérea e sugerem o perigo e a beleza da altura que Ícaro desejava alcançar.

É importante considerar o contexto em que Matisse criou esta obra. Após uma operação decorrente de um câncer, Matisse viu-se fisicamente limitado e adotou o recorte de papel como principal meio de expressão artística. Esta técnica permitiu-lhe continuar a criar apesar das suas limitações, e ele frequentemente descrevia este processo como “desenhar com tesoura”. Em "Icarus", esta técnica proporciona uma qualidade dinâmica e tátil que enfatiza a energia e o movimento da figura, apesar da aparente quietude dos recortes.

“Ícaro” não é apenas uma representação moderna do mito grego; é uma declaração ousada sobre a condição humana: o desejo de transcender limites, a busca pela liberdade e os perigos inerentes a tal audácia. Matisse, através da simplicidade formal, consegue captar a essência do mito com uma profundidade emocional que se comunica diretamente com o espectador, eliminando qualquer barreira temporal-cultural que possa existir.

A escolha do tema é também uma reflexão sobre a situação mundial em 1944, período marcado pela Segunda Guerra Mundial. Neste contexto, a figura de Ícaro pode simbolizar tanto a audácia como a tragédia da humanidade na sua busca pela liberdade e pelo conhecimento. Matisse, talvez inconscientemente, encapsulou esses sentimentos coletivos em sua obra, conseguindo uma união perfeita entre forma, cor e significado.

Concluindo, "Ícaro" de Henri Matisse é uma obra que, através de sua considerada simplicidade e do uso magistral da cor e da técnica de recorte, oferece uma representação poderosa e contemporânea do mito clássico. É ao mesmo tempo um testemunho da resiliência do artista e um reflexo comovente dos anseios humanos universais.

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