A Criança - 1895


tamanho (cm): 55x60
Preço:
Preço de venda¥36,300 JPY

Descrição

A pintura "A Criança" de Paul Gauguin (1895) é uma obra que resume tanto a singularidade do artista quanto a complexidade da representação infantil na arte do final do século XIX. Nesta obra, Gauguin apresenta o seu característico estilo pós-impressionista, onde a exploração da cor e da forma se entrelaçam para criar um significado mais profundo do que parece à primeira vista. Ao observar a pintura, percebe-se a presença de uma criança sentada em um ambiente natural, tema recorrente na obra de Gauguin que reflete o fascínio do artista pela pureza e inocência associadas à infância.

A figura da criança é colocada no centro da composição, sugerindo especial atenção ao seu ser. Esta criança, retratada com traços fisionômicos que evocam um misto de curiosidade e tranquilidade, parece contemplar o mundo que a rodeia, desprovida das complicações da vida adulta. A sua postura relaxada, com uma perna cruzada sobre a outra, transmite uma espontaneidade que desafia as convenções de rigidez na representação infantil que eram comuns na pintura académica da época.

Gauguin, amante da cor e da simplificação das formas, utiliza uma paleta vibrante que dá vida à cena. Os tons amarelo e verde predominam no contexto, insinuando uma ligação íntima da criança com o seu ambiente natural. As sombras e luzes são tratadas com uma técnica que enfatiza a bidimensionalidade da obra, sugerindo um espaço pictórico que se afasta da ilusão de realismo, característica do estilo de Gauguin. Este uso da cor não só confere uma qualidade ornamental, mas também sublinha a emotividade da cena, numa busca por captar a essência da infância.

Em termos de iconografia, a pintura não contém elementos narrativos explícitos, o que convida o espectador a uma interpretação mais introspectiva. A criança, estando sozinha na composição, pode representar a solidão da infância, tema que Gauguin explorou em diversas de suas obras. Essa solidão torna-se um ponto de conexão que nos remete à busca existencial não apenas da própria criança, mas a uma reflexão mais ampla sobre a inocência e as transições para a idade adulta.

Gauguin, radicado no Taiti nos anos seguintes à criação desta obra, buscou inspiração na cultura e no simbolismo indígena, distanciando-se das tradições europeias que dominaram a sua formação artística. Embora "El Niño" tenha sido criado antes de sua viagem às ilhas do Pacífico, já refletia seu interesse por temas primitivos e por um modo de vida mais simples. Esta ligação com o primitivo tornou-se um fio condutor nas suas obras posteriores, onde enfatizou o regresso ao essencial e à natureza.

Concluindo, “A Criança” de Paul Gauguin é mais do que uma mera representação da infância; é uma exploração profunda da condição humana através da pureza da infância. As cores vivas, a composição centrada na figura e a emotividade inerente à obra são elementos que demonstram o estilo pós-impressionista de Gauguin e a sua intenção de transcender o superficial. Através desta obra, o espectador é convidado a refletir sobre a sua própria relação com a infância, a inocência e a inevitável passagem do tempo, temas universais que ressoam ao longo da história da arte.

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