Passeio - 1866


tamanho (cm): 75x60
Preço:
Preço de venda€258,95 EUR

Descrição

A pintura “Promenade” de Paul Cézanne, realizada em 1866, é uma obra que se insere no contexto enigmático da transição entre o Realismo e o Impressionismo. Nesta obra, Cézanne oferece-nos uma visão fascinante que encapsula tanto a essência da vida quotidiana como a ruptura iminente com as convenções da arte académica. À primeira vista, a composição revela uma paisagem em que o mar e o céu se unem num diálogo subtil, enquanto um par de figuras, talvez um homem e uma mulher, caminham ao longo da costa, integrados num ambiente naturalmente luminoso.

A estrutura da obra é organizada de forma que o horizonte – faixa tênue que separa o céu das águas de um azul profundo – se torne a base para a exploração da luz e da cor. Cézanne utiliza uma paleta rica que, apesar de ser predominantemente azul e verde, inclui tons amarelos e terracota que sugerem o reflexo do sol na superfície do mar e o calor da areia. Esta escolha cromática não é acidental; Representa um passo em direção à modernidade na representação da paisagem, onde a luz se torna protagonista quase tão importante quanto as próprias figuras.

Os personagens, localizados no lado direito da composição, são pintados com pinceladas que parecem mais sólidas em relação ao fundo etéreo. Essa diversidade na técnica de aplicação de cores e traços oferece uma profundidade que convida o espectador a observar além da simples representação. Os personagens não são idealizados nem possuem atributos que os façam se destacar individualmente; São representações da vida quotidiana que corporizam um momento fugaz, um instante em que o tempo parece suspenso. Este foco no comum, na fragilidade do momento, é uma característica distintiva do trabalho de Cézanne e ressoa na sua ambiciosa exploração do espaço e da forma.

O uso da linha também é notável, pois Cézanne constrói uma rede de linhas horizontais e diagonais que guiam o olhar do espectador pela obra, criando uma sensação de movimento que reflete a brisa do mar. Esta atenção meticulosa à composição torna-se precursora das inovações que mais tarde surgiriam na arte moderna, onde os artistas começam a questionar a relação entre realidade e representação.

"Paseo Marítimo" é, na sua essência, um testemunho visual do desenvolvimento de Cézanne como artista e da sua luta para encontrar a sua própria linguagem dentro da arte. No contexto do século XIX, Cézanne desafiou normas académicas rigorosas e, ao fazê-lo, começou a abrir caminho para uma nova estética que enfatizava a percepção individual e a interpretação da realidade através de um novo prisma. Esta obra reflete um momento em que Cézanne começava a abraçar a fragmentação do espaço, que mais tarde se tornou uma das características predominantes do seu estilo.

Esta criação não só revela o talento emergente de Cézanne, mas também oferece uma janela para o mundo em que se moveu, onde a interação com a paisagem e a procura da luz e da cor foram temas de vital importância. A técnica, a cor e a atmosfera do "Paseo Marítimo" contribuem para o seu lugar na história da arte, estabelecendo Paul Cézanne como um farol no caminho para a modernidade e um precursor do que estava por vir. A obra ressoa com princípios que permaneceriam essenciais para gerações de artistas, tornando-se um marco na evolução da arte ocidental.

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