Brunnhilde (A Valquíria)


tamanho (cm): 75x60
Preço:
Preço de venda€259,95 EUR

Descrição

A obra “Brunhilde (A Valquíria)” de Odilon Redon é um testemunho fascinante da capacidade da arte de entrelaçar a fantasia com mitos e emoções profundas. Pintada em 1911, esta obra encarna uma das mais intrigantes periodizações do simbolismo da pintura, onde o onírico e o imaginário se fundem com a realidade, criando uma atmosfera quase mística. A figura central de Brunnhilde, uma das Valquírias da mitologia nórdica, é retratada de uma forma que foge à categorização convencional, sugerindo força e vulnerabilidade.

Redon frequentemente tratava de temas de natureza mitológica e espiritualidade, e "Brunhilde" não é exceção. Na composição, Brunhilda irradia uma presença poderosa, envolta num tom de mistério que parece emanar da própria tela. A sua figura é dominada por uma cor intensa que, ao mesmo tempo, reflete sensações de calma e turbulência. A paleta é rica e vibrante, com predominância de tons vermelhos, que evocam tanto a paixão como a violência inerentes à história que a rodeia. Os toques de azul e verde acrescentam dimensão adicional, sugerindo uma paisagem em que a figura de Brunnhilde está simultaneamente enraizada e flutuante, como se estivesse em estado de transição ou transformação.

A cabeça da Valquíria é adornada com uma imponente coroa que destaca sua nobreza e seu papel como guerreira. No entanto, o seu rosto mostra uma serenidade contemplativa que contrasta com a ferocidade que se poderia esperar de uma figura mitológica como ela. Esta dualidade na representação pode sugerir a luta interna que ele enfrenta, um eco do simbolismo de Redon que muitas vezes revela as profundezas da alma humana e os seus dilemas.

Em termos de composição, Redon utilizou um fundo abstrato que serve para enquadrar e destacar Brunhilde. A abstração do ambiente cria um efeito isolante, quase como se a Valquíria se encontrasse num interregno entre os mundos terrestre e sobrenatural. Da mesma forma, a técnica de Redon, caracterizada pelo uso de pastéis e precisão de detalhes, traduz-se numa textura visual que convida o espectador a uma exploração mais profunda da tela.

Dentro da tradição do simbolismo, onde se destaca Redon, “Brunhilde” alinha-se com obras de contemporâneos como Gustave Moreau ou Paul Gauguin, que também experimentaram mitologia e psicologia. Tal como os seus pares, Redon consegue transcender a mera representação para entrar no reino da evocação emocional. A figura de Brunnhilde convida à contemplação não só do seu papel na mitologia, mas daquilo que ela representa num contexto mais amplo: o confronto entre o divino e o humano, o terreno e o etéreo.

No contexto da carreira de Redon, “Brunilda (A Valquíria)” destaca-se como uma obra que sintetiza seus interesses pela espiritualidade, pelo onírico e pelo simbolismo pessoal. É um exemplo palpável da sua evolução estética e emocional, uma peça que, embora possa parecer menos frenética que alguns dos seus trabalhos anteriores, é carregada de uma tensão silenciosa, onde muitos sentimentos se juntam, permitindo ao espectador mergulhar numa universo paralelo que convida à introspecção e à conexão com o sublime. Através desta tela, Odilon Redon não só presta homenagem a uma figura lendária, mas também reflete sobre a condição humana e sua busca perpétua por significado.

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