Virgem e Menino com Candelabro


tamanho (cm): 55x75
Preço:
Preço de venda€228,95 EUR

Descrição

A obra “Virgem e Menino com Candelabros” de Jean-Auguste-Dominique Ingres é um digno expoente do estilo neoclássico, corrente que Ingres abraçou com fervor e que se caracteriza pela busca de clareza, precisão e harmonia na representação do figuras. Pintada por volta de 1817, esta obra não só mostra a Virgem e o Menino Jesus, mas também encapsula a essência da maternidade sagrada, tema recorrente na história da arte que Ingres reinterpretou com a sua particular sensibilidade.

O primeiro aspecto que chama a atenção na composição é a serenidade da figura da Virgem, que irradia uma calma quase palpável. Seu rosto, de linhas finas e suaves, é emoldurado por um delicado véu que acrescenta uma camada de espiritualidade. Este uso do véu é significativo na iconografia religiosa, pois simboliza a pureza e a modéstia da Virgem Maria. Ao lado dela, o Menino Jesus, retratado com uma ternura que evoca a pura inocência, repousa sobre sua perna, criando uma interação íntima e maternal que é o cerne da obra.

A composição é enriquecida pelos candelabros que sustentam um brilho suave, elemento que, além de iluminar a cena, evoca a ideia de divindade. Os candelabros, com a sua elegância clássica, proporcionam uma verticalidade que orienta o olhar do espectador para as figuras centrais, criando um equilíbrio dinâmico característico da abordagem composicional de Ingres. Este recurso estabelece também um contraste entre luz e sombra, acentuando a tridimensionalidade das figuras e conferindo-lhes uma subtil sensação de volume.

A cor desempenha um papel crucial na evocação de uma atmosfera sublime; A paleta utilizada é rica mas contida, onde predominam os tons quentes, transmitindo uma sensação de acolhimento. O azul profundo do manto da Virgem, que simboliza nobreza e proteção, contrasta harmoniosamente com os tons mais claros que envolvem a criança, enfatizando a sua vulnerabilidade e pureza. Esta escolha cromática define e amplifica a carga emocional da cena, aspecto que Ingres tratou com maestria.

Ingres, conhecido por sua técnica de pincelada suave e precisa, consegue uma representação quase escultural das figuras desta obra. A sua capacidade de captar a delicadeza da gravura e a textura dos tecidos realça o virtuosismo da sua técnica, caracterizada pelo detalhe meticuloso. Esta forma de trabalhar as superfícies dá vida aos elementos representados, conduzindo o espectador a uma contemplação profunda da obra.

A obra também nos convida a refletir sobre a percepção da maternidade na arte do século XIX. Ingres, através desta representação, cria um ideal de beleza e pureza que ressoou ao longo do tempo, influenciando gerações de artistas que procuraram captar a essência da relação mãe-filho. Esta pintura, portanto, não é apenas um produto de sua época, mas também uma ponte entre o sagrado e o humano.

No contexto mais amplo do neoclassicismo, “Madona e o Menino com Candelabros” se passa numa época de intensa produção artística na Europa, onde a busca pelo clássico e a reverência pela antiguidade estavam em pleno andamento. Ingres, além de ser um seguidor devoto destas premissas estilísticas, influenciou os seus contemporâneos e deixou um legado que continua a ser explorado e celebrado.

Assim, esta obra não é apenas um exemplo do talento excepcional de Ingres, mas também uma manifestação das aspirações espirituais e artísticas do seu tempo. “Madona e o Menino com Candelabros” é, afinal, uma peça que transcende a mera representação, evocando um diálogo que continua a ressoar ao longo dos séculos.

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