A crucificação - 1617


Tamanho (cm): 75x40
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Descrição

A pintura “A Crucificação”, de Pieter Brueghel, o Jovem, pintada em 1617, oferece uma representação poderosa de um dos momentos mais dramáticos e significativos da narrativa cristã. Filho do famoso Pieter Brueghel, o Velho, o Jovem herdou uma rica tradição visual que combina uma profunda compreensão da paisagem, da figura humana e da narrativa, que se reflete na sua própria obra.

A composição apresenta uma cena colossal em que a figura central do Cristo crucificado se eleva com serena dignidade. A cruz é vista no centro da pintura, com Cristo numa postura que sugere sofrimento e resignação. Esta escolha estereotipada convida o espectador a meditar sobre o sacrifício e a redenção, temas que ressoam profundamente na arte religiosa do Renascimento.

Brueghel, o Jovem, exibe em sua obra um domínio da cor que é notavelmente evocativo. Os tons suaves das roupas das figuras em primeiro plano contrastam com o azul brilhante do céu e das nuvens. Esta paleta meticulosamente escolhida não só dá profundidade à cena, mas também estabelece um clima dramático que enfatiza a gravidade do evento. As cores terrosas utilizadas para representar a terra e a multidão que rodeia a crucificação evocam uma ligação visceral com o meio ambiente, situando o evento num contexto humano e terreno.

Os personagens que povoam a cena são igualmente significativos. A multidão, formada por figuras que exibem emoções diversas, da tristeza à descrença, dá dimensão à narrativa. No lado direito da obra, é possível distinguir as figuras de Maria e João, que refletem a dor do momento. Esta atenção à representação das emoções humanas é crucial na obra de Brueghel, o Jovem, pois consegue fazer com que a tragédia pareça pessoal e enraizada na experiência partilhada da humanidade.

Além do domínio técnico, “A Crucificação” de 1617 é uma obra que dialoga com a tradição da arte flamenca. Ao contrário de seu pai, Brueghel, o Jovem, tende a incorporar maior sentimentalismo em suas obras, o que se traduz no tratamento que dá às figuras e suas interações. Esta abordagem próxima do sentimento humano lembra obras contemporâneas que exploram o sagrado através do cotidiano, o que revela a profundidade da transcendência em meio à tragédia.

A obra também se situa em um contexto histórico de grande relevância. Durante o período em que Brueghel, o Jovem trabalhou, a Europa passou por significativas mudanças sociopolíticas e religiosas. Estas tensões reflectem-se muitas vezes na interpretação de temas religiosos na arte, e a representação da Crucificação, com a sua carga simbólica, funciona não apenas como uma reflexão sobre a fé, mas também como um comentário sobre a condição humana num mundo tumultuado.

Em suma, “A Crucificação” de Pieter Brueghel, o Jovem, não é apenas uma representação visual do sacrifício de Cristo, mas também um testemunho da complexidade emocional e teológica que este evento gera. Com sua rica paleta de cores, atenção precisa aos detalhes e profunda conexão com a experiência humana, Brueghel, o Jovem, nos convida a contemplar a dor, a perda e, em última análise, a esperança. A sua obra oscila entre a tradição e a inovação, garantindo o seu lugar no rico património da arte sacra do século XVII.

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