Daniel e o Rei Ciro em frente ao Ídolo de Bel - 1633


Tamanho (cm): 75x60
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Descrição

A obra “Daniel e o Rei Ciro diante do Ídolo de Bel”, pintada por Rembrandt em 1633, faz parte de uma das etapas mais ricas e expressivas da carreira do mestre holandês. Esta pintura, medindo aproximadamente 165 x 140 cm, apresenta uma narrativa bíblica carregada de simbolismo e dramaticidade, coreografada com habilidade marcante, característica do estilo de Rembrandt.

No centro da composição está Daniel, figura de grande veneração na tradição judaico-cristã, destacando-se tanto pela postura como pela expressão. Seu rosto, iluminado por uma luz intensa e focada, reflete uma calma quase sobre-humana, em contraste com a tensão palpável que envolve os demais personagens. Ao seu lado, o rei Ciro, o imperador persa que desempenhou um papel crucial na história dos judeus, observa a cena com curiosidade. A interação entre Daniel e Ciro simboliza um encontro entre o divino e o terreno, onde a fé de Daniel se coloca diante da ostentação de um ídolo, representando o poder que o paganismo ainda detém no mundo antigo.

A composição está organizada de forma a orientar o olhar do espectador para o ídolo de Bel, objeto monumental que se situa ao fundo e que, embora parcialmente oculto pelas sombras, se impõe com sua grandeza. Rembrandt emprega a técnica do claro-escuro, trazendo luz e escuridão para um ponto enfatizado, o que acentua a atmosfera tensa da cena. Este uso da luz não só destaca os personagens principais, mas também provoca um diálogo visual entre o fundo e o primeiro plano, tornando o ídolo um símbolo onipresente da idolatria e do materialismo.

As cores da obra são variadas, mas sutis; Predominam os tons terrosos e dourados, evocando uma sensação de riqueza e ao mesmo tempo um ar de decadência. A paleta escolhida por Rembrandt parece comunicar a opulência do reino da Babilônia, bem como a fragilidade do seu poder diante da fé inabalável de Daniel. Esse contraste fica evidente nas vestimentas dos personagens, ricas em detalhes e texturas, onde os véus do rei e as roupas de Daniel sugerem nobreza e humildade.

Um aspecto interessante desta obra é a sua ligação com outras obras do mesmo período, como “O Sacrifício de Isaac” e “A Ressurreição de Lázaro”, onde Rembrandt também explora temas de fé, dúvida e a relação entre o humano e o humano. o divino. A técnica de pintura que utiliza, caracterizada por pincéis longos e uso de luz, revela sua maestria em captar emoção e narração sem a necessidade de sobrecarga de elementos.

“Daniel e o Rei Ciro diante do Ídolo de Bel” ressoa profundamente no contexto do Barroco, período que enfatizava a dramatização e a complexidade emocional nas obras de arte. A obra não é apenas um reflexo da capacidade artística de Rembrandt, mas também um comentário sobre as lutas espirituais do ser humano diante das adversidades, tema que permeia toda a sua produção.

Esta tela, conservada na coleção do Museu Hermitage de São Petersburgo, continua a ser objeto de admiração e investigação, desafiando o espectador a meditar sobre a dualidade da imagem do rei e do profeta, e a escolha entre o material e o espiritual. Num mundo contemporâneo onde estes temas continuam a ser relevantes, a obra de Rembrandt permanece não apenas como uma jóia da arte clássica, mas como um espelho da condição humana, explorando o eterno conflito entre fé e idolatria.

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