Filha de Jefté - 1879


tamanho (cm): 55x85
Preço:
Preço de vendaCHF 251.00

Descrição

A obra “A Filha de Jefté”, criada em 1879 pelo conceituado pintor francês Alexandre Cabanel, é um esplêndido exemplo do estilo académico que dominou a arte do século XIX. Nesta pintura, Cabanel mergulha na trágica história bíblica de Jefté, um juiz de Israel que, após prometer a Deus que sacrificaria a primeira pessoa que saísse para cumprimentá-lo caso conseguisse a vitória na batalha, encontra a dolorosa realidade de seu promessa quando sua própria filha fizer isso.

A composição da obra destaca-se pelo equilíbrio e disposição dinâmica. A figura central da filha de Jefté se destaca com uma delicada expressão de resignação e tristeza no rosto. A figura está vestida com uma túnica branca, simbolizando tanto a sua inocência como a pureza do seu sacrifício. A representação do corpo humano é uma das especialidades de Cabanel, sendo aqui evidente o domínio da anatomia, com um tratamento detalhado da postura e das dobras do tecido. A torção sutil da figura acrescenta uma sensação palpável de movimento, capturando um momento de intensa emoção. As mãos, delicadamente expressivas, levantam-se num gesto que parece implorar não só pela sua própria vida, mas também pela compreensão do seu trágico destino.

O uso da cor é fundamental neste trabalho. Cabanel utiliza uma paleta rica e quente, onde predominam os tons dourados e terracota, envolvendo a figura da filha numa aura de luz que realça a sua delicadeza. O fundo é sombrio e difuso, criando um contraste que não só emoldura a figura principal, mas também dá o tom dramático da obra. Esta escolha de cores, aliada ao manejo magistral de luz e sombra, evoca uma sensação de intimidade e urgência, transportando o espectador ao cerne da tragédia.

A ligação entre a figura e seu ambiente é igualmente significativa. No canto inferior direito, um vaso e flores parecem ser um símbolo da vida e da fragilidade da existência, contrastando com a destruição inevitável que se avizinha. Esta atenção ao simbolismo está enraizada na tradição acadêmica, onde cada elemento da obra pode fornecer carga emocional e narrativa adicional.

Cabanel, conhecido pelos seus retratos e aplicações do idealismo clássico, criou em “A Filha de Jefté” uma obra que combina o virtuosismo técnico com uma comovente narrativa humana. Esta pintura insere-se numa tradição artística que explora os temas do sacrifício e do sofrimento, ressoando com outras obras desta época que abordam a tragédia clássica. A força emotiva da figura feminina, a qualidade sublime da representação e o domínio técnico de Cabanel cimentam o seu lugar na história da arte, revelando assim não só a habilidade do artista, mas também a sua capacidade de captar a complexidade das emoções humanas.

Em suma, “A Filha de Jefté” de Alexandre Cabanel é uma obra que, para além da sua execução técnica impecável, serve como um lembrete comovente do custo de cumprir o dever e da tragédia inerente às nossas decisões. Através da sua interpretação desta história bíblica, Cabanel convida o espectador a refletir sobre a dualidade da vida, do sacrifício e do amor, num mundo onde a beleza e a tragédia muitas vezes coexistem.

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