Natureza morta com pêssegos - 1889


tamanho (cm): 70 x 60
Preço:
Preço de vendaCHF 233.00

Descrição

"Natureza morta com pêssegos", de Paul Gauguin, criada em 1889, é um exemplo significativo da transição do impressionismo para o simbolismo na pintura. Esta obra, caracterizada pela sua paleta de cores vibrantes e foco na forma, reflete a essência do estilo artístico que Gauguin começou a desenvolver durante a sua estadia em Pont-Aven, na Bretanha, onde procurou maior profundidade emocional e conceptual nas suas obras.

À primeira vista, a composição da pintura é simples, mas a sua simplicidade engana. No centro da tela, os pêssegos, caracterizados pela cor intensa e pela textura surpreendentemente realista, parecem repousar sobre uma mesa coberta por uma tela que, com fundo branco quase etéreo, proporciona um contraste que realça o seu amarelo, dourado e avermelhado. tons. Estas cores quentes parecem vibrar de vida, atraindo o olhar do observador e conduzindo-o para a própria essência dos pêssegos. Não há um fundo movimentado, permitindo que a atenção se concentre inteiramente na fruta, revelando o interesse de Gauguin pelo tangível e imediato.

Gauguin utiliza um tratamento de cores que dispensa a representação naturalista. Em vez de seguir a paleta tradicional, ele opta por cores puras e ousadas, característica que se torna marca registrada de seu trabalho. Os tons dourados dos pêssegos, por exemplo, são acentuados pelos contrastes de azuis e verdes na mesa de trabalho. Esta abordagem cromática não só realça a beleza da natureza, mas também evoca uma emoção visceral que vai além do meramente visual.

Embora não existam personagens humanos nesta obra, a presença de pêssegos torna-se uma metáfora silenciosa da vida e da morte, tema recorrente na obra de Gauguin. A forma como representam a natureza é carregada de significado, sugerindo tanto a abundância como a transitoriedade da própria vida. É possível que esta dualidade que o artista sugere seja um reflexo da sua própria luta interior e busca espiritual, caminho que acabaria por levá-lo às ilhas da Polinésia, onde continuaria a explorar temas semelhantes com um olhar ainda mais profundo e introspectivo. abordagem.

O uso da luz também merece atenção neste trabalho. Ao contrário dos seus contemporâneos, Gauguin utiliza uma luz que parece emanar do interior dos próprios objectos, conferindo-lhes uma substância quase mágica. Este tratamento de luz provoca um efeito que realça a dimensionalidade e a presença da fruta, tornando-a monumental e delicada. A técnica de contorno firme, característica de seu estilo da época, envolve os pêssegos, conferindo à obra uma solidez que sugere realismo e idealismo.

No contexto da sua obra em geral, “Natureza Morta com Pêssegos” alinha-se com as suas outras composições de natureza morta, onde a disposição dos elementos, a escolha das cores e a redução da complexidade espacial se unem numa estética única. A par de outras obras desta série, como “Natureza Morta com Maçãs” e “Natureza Morta com Mangas”, observa-se a evolução do seu estilo para uma representação mais simbólica e reducionista.

Em suma, esta obra de Gauguin não é apenas uma representação do objecto em si, mas sugere uma ligação mais profunda entre o observador, a natureza e a experiência humana. Através do uso magistral da cor e da forma, Gauguin convida-nos a contemplar não só os pêssegos, mas também o que eles representam: a beleza efémera da existência e a procura de sentido no quotidiano.

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