Retrato de um homem vestindo uma lavalliere - 1888


tamanho (cm): 60 x 75
Preço:
Preço de vendaCHF 241.00

Descrição

Paul Gauguin, figura central do pós-impressionismo, apresenta na sua obra “Retrato de um Homem Vestindo uma Lavallière” (1888) um ​​fascinante estudo da individualidade através da representação de uma personagem num ambiente quase abstrato. Este retrato, feito numa época em que Gauguin começava a explorar as possibilidades da cor e da forma para além da mera representação realista, mostra o seu interesse pela subjetividade e pela essência psicológica do ser humano.

A figura do homem, que gira em torno de um rosto enigmático, ocupa o centro da pintura. A sua expressão, num momento captado que parece transcender o tempo, convida o espectador a uma interpretação profunda. A falta de detalhes específicos no fundo onde ele está colocado reforça o foco em seu rosto, sugerindo que o contexto externo é secundário em relação à complexidade interna do personagem. A escolha da lavallière, tipo de gravata que evoca elegância e distinção, acrescenta um elemento de sofisticação ao seu porte, mas também levanta questões sobre a sua identidade e o seu papel na narrativa da pintura.

O uso da cor nesta obra é um elemento que chama particularmente a atenção. Gauguin utiliza uma paleta de tons quentes que enfatizam o rosto do homem, contrastando com o fundo mais escuro. Esse uso deliberado da cor não serve apenas para destacar o personagem, mas também confere uma carga emocional ao retrato. Os tons castanhos, ocres e amarelos que predominam na pele do homem reflectem uma influência do simbolismo, um movimento contemporâneo que procurava transmitir sentimentos e estados de espírito através da pintura. Ao mesmo tempo, a mistura de cores faz-se sentir de forma quase experimental, o que revela uma fase do desenvolvimento artístico de Gauguin onde procura distanciar-se da técnica de impressão mais tradicional.

É relevante referir que este retrato ocorre numa altura em que o artista experimentava novas formas de expressão, afastando-se do impressionismo para uma abordagem mais pessoal e simbólica. A forma como representa a figura humana, com linhas mais definidas e contornos que se destacam, é representativa de sua evolução estilística, movimento que mais tarde se consolidaria em suas obras mais conhecidas do Taiti.

O retrato mostra também uma clara influência da cultura e das tradições dos locais onde Gauguin viveu, embora nesta peça se sinta uma clara ligação com o seu ambiente francês e a mistura de influências culturais que absorveu naquela época. No entanto, o retrato permanece no domínio da intimidade, permitindo ao espectador uma ligação quase pessoal com o sujeito, uma das bases fundamentais da prática do retrato ao longo da história da arte.

"Retrato de um homem vestindo uma Lavallière" serve como ponte entre a tradição e a modernidade, capturando a essência do indivíduo de uma forma que desafia os limites da representação artística. Através da sua atenção à cor e à forma, Gauguin transforma um simples retrato num estudo visual de identidade, emoção e simbolismo, reafirmando o seu lugar como um dos pioneiros da arte moderna que continua a ressoar na apreciação contemporânea.

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