Maçãs - Jarro - Vidro Iridescente - 1884


Tamaño (cm): 60 x 75
Preço:
Preço de venda$387.00 CAD

Descrição

Em “Maçãs – Jarro – Vidro Iridescente” (1884), Paul Gauguin apresenta uma obra que, embora representativa do seu período pós-impressionista, revela também uma narrativa visual profunda implícita na escolha dos seus elementos e na sua disposição na tela. A pintura, que mostra um conjunto de maçãs dispostas em ambiente intimista ao lado de uma jarra com iluminação sugerindo vidro iridescente, chama a atenção pelo tratamento de cor e textura.

Gauguin afastou-se da representação realista que predominava na arte da sua época, optando por cores intensas e formas simplificadas que evocam emoções em vez de detalhes precisos. Nesta obra as cores são seletivas e vibrantes; As maçãs, representadas em tons quentes de vermelho e amarelo que vibram entre si, surgem como ponto focal da composição. Esta utilização da cor não só realça a frescura da fruta, mas também estabelece uma ligação emocional com o espectador, convidando-o a vivenciar a essência do que é representado.

O frasco, localizado junto às maçãs, tem um design que sugere uma delicadeza que contrasta com a robustez das frutas. A incidência da luz sobre o vidro iridescente gera reflexos que conferem dimensionalidade à pintura, sugerindo um diálogo entre objetos inanimados que parecem ganhar vida através da interação de suas formas e cores. A superfície do vidro, iluminada de forma a evocar flashes de cor, constitui-se como um elemento que transforma a composição, criando um jogo de luz e sombra que acrescenta profundidade e complexidade visual.

A escolha de uma paleta de cores quentes contrasta com a utilização de um fundo mais sutil e mais escuro, que emoldura a cena e destaca os elementos mais brilhantes. Esta técnica, em que o artista realça a luminosidade da fruta sobre um fundo sombrio, é característica da abordagem pictórica de Gauguin, que procurou transmitir nas suas obras um sentido de introspecção e serenidade. Assim, a atenção é direcionada não apenas aos objetos, mas também à atmosfera que os rodeia.

Gauguin, nesse período, procurou experimentar a simbologia dos objetos do cotidiano e a aplicabilidade da luz, realizando pesquisas que iam além da simples natureza morta. Nesta pintura, a sua capacidade de reunir objetos numa composição que parece quase meditativa destaca o seu interesse nas interações entre o homem, a natureza e os objetos no seu ambiente. Embora as maçãs e o jarro não tenham uma narrativa explícita, convidam à reflexão sobre o simples e o quotidiano, elemento central na obra do artista.

“Maçãs - Jarro - Vidro Iridescente” situa-se na evolução da arte no século XIX, reflectindo a transição para o modernismo que começava a tomar forma. Através da sua abordagem inovadora e da manipulação astuta da cor e da forma, Gauguin não apresenta apenas um conjunto de objetos; cria uma experiência visual que ressoa com o espectador, levantando questões sobre percepção e interpretação pessoal. Nesta obra ficam evidentes tanto a habilidade técnica de Gauguin como o seu profundo interesse em captar a essência do mundo que o rodeia, eixo central do seu legado artístico.

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