Ícaro e Dédalo - 1869


Dimensione (cm): 55x75
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Descrizione

A pintura "Ícaro e Dédalo", de 1869, criada pelo célebre artista britânico Frederic Leighton, é uma obra icônica que captura a essência do classicismo e do romantismo no contexto vitoriano. Com um foco meticuloso na composição e na cor, Leighton apresenta uma cena que, embora familiar da mitologia grega, torna-se uma narrativa visual que convida à contemplação e interpretação profundas.

A obra representa um momento chave na narrativa do mito de Ícaro e Dédalo, onde o foco está no pai, Dédalo, que está no limiar do desespero assistindo a queda de seu filho Ícaro. Esta escolha de focar em Dédalo, em vez do próprio Ícaro no momento de seu infortúnio, acrescenta uma complexidade emocional que se manifesta na postura e expressão do personagem. Dédalo, com sua figura ereta, mostra um gesto de desamparo e resignação, encapsulando a dor de um pai que perdeu seu filho devido à arrogância e à impulsividade juvenil.

A composição da obra é notavelmente equilibrada. Dédalo posiciona-se no lado esquerdo da tela, direcionando seu olhar para o espaço que Ícaro ocupa no céu. A representação de Ícaro está ausente do plano principal, mas a sua presença é evocada através da narrativa visual. O aproveitamento do espaço revela-se como ferramenta essencial na obra, onde a distância entre pai e filho simboliza a separação causada pelo destino.

A cor em “Ícaro e Dédalo” é uma prova da capacidade de Leighton de criar atmosferas emocionais. A paleta é composta por tons quentes e frios que interagem de forma sutil, sugerindo um contraste entre o calor do sol, que representa a ambição de Ícaro, e a frieza do destino, que paira sobre ele. Os tons dourados e amarelos do fundo evocam a luz solar, tornando-se um símbolo da aspiração humana, enquanto as sombras que cercam Dédalo sugerem a tristeza e o lamento da sua situação.

A atenção aos detalhes na representação de Dédalo também revela a maestria de Leighton como pintor de retratos. O estudo cuidadoso das dobras da roupa, dos músculos do corpo e da expressão do rosto do velho, bem como dos seus cabelos grisalhos que esvoaçam ao vento, proporcionam uma sensação de realismo à figura, reforçando a ligação emocional estabelecida entre o espectador e o personagem.

Frederic Leighton, conhecido pelo domínio da técnica e pela paixão pelos temas clássicos, também conseguiu ligar esta narrativa mitológica às preocupações do seu tempo, explorando as implicações da ambição humana e da tragédia. A sua propensão para a representação do corpo humano, da luz e da sombra e do simbolismo coloca-o como uma figura central no movimento vitoriano, cujo legado informaria as futuras gerações de artistas.

Embora “Ícaro e Dédalo” seja baseado em um mito antigo, a forma como Leighton o apresenta fala não apenas de perda e lamento, mas também de saudade humana. A distância criativa que conseguiu estabelecer entre o espectador e a tragédia de Ícaro sugere uma reflexão sobre a fragilidade da ambição e as consequências da ultrapassagem dos limites naturais. A obra revela assim um eterno diálogo entre o ser humano e o seu desejo de transcender, tema que continua a ressoar até hoje. Em “Ícaro e Dédalo”, Leighton oferece uma rica experiência visual, desdobrando-se em múltiplas camadas, ao mesmo tempo que convida o espectador a refletir sobre os paradoxos da aspiração e da perda.

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