Retrato de duas crianças (Paul e Jean Schuffneker) - 1889


tamanho (cm): 75x60
Preço:
Preço de venda$275.00 USD

Descrição

“Retrato de Duas Crianças (Paul e Jean Schuffneker)” de Paul Gauguin, pintada em 1889, é uma peça que encapsula a essência do simbolismo e o uso ousado da cor e da forma que caracterizam o trabalho do artista. Neste retrato, Gauguin apresenta os filhos do seu amigo, oferecendo não só uma representação visual das crianças, mas também um olhar sobre a evolução do seu estilo neste período crucial da sua carreira. A composição da obra é simples e direta, com os dois bebês sentados juntos, olhando-se à distância, o que infunde uma sensação de intimidade sem perder a formalidade do retrato.

As crianças, Paul e Jean, são apresentadas num estilo que lembra a pintura tradicional de retratos; Contudo, a sua representação é mais do que uma simples captura da realidade. Gauguin utiliza cores vibrantes e planas, como o vermelho e o azul que predominam nas roupas infantis, para evocar energia dinâmica e captar a atenção do espectador. Este foco na cor é característico do pós-impressionismo, do qual Gauguin foi um dos principais expoentes. A paleta de cores é particularmente significativa, pois a utilização de cores não naturalistas sugere uma intenção mais emotiva, quase simbólica, que vai além de uma mera representação realista.

O fundo da pintura também merece análise, pois é um espaço quase abstrato, sem uma contextualização clara que distancia o espectador de uma leitura puramente documental e o leva para um campo mais introspectivo. Esta escolha de uma paisagem sugestiva e mal definida faz com que a atenção se concentre nas crianças, cujas expressões e posturas comunicam histórias de inocência e curiosidade.

A relação entre os dois irmãos, palpável na posição e na forma como se vestem igualmente, mostra um vínculo de cumplicidade e camaradagem. Enquanto um observa com mais cautela, o outro parece mais relaxado e à vontade em seu espaço. Esta dualidade reflecte uma profundidade emocional que, sem ser evidente à primeira vista, permite ao espectador envolver-se na sua narrativa, questionando que pensamentos poderiam estar a passar pelas suas mentes naquele momento suspenso.

Além disso, este retrato pode ser visto como um reflexo do interesse de Gauguin em explorar o conceito de infância e pureza num mundo em mudança. No final do século XIX, a sociedade vivia mudanças significativas e os artistas da época procuravam formas de evocar o sentido da perda, a inocência da infância que pudesse ser vista como um ideal. Nesse sentido, a obra de Gauguin alinha-se com os temas mais amplos de sua época, o que também pode ser observado em sua própria obra.

Embora este retrato específico possa não receber tanta atenção como algumas das suas obras mais reconhecidas, como “Onde estão as crianças?”, ainda é uma janela fascinante para o seu estilo e evolução artística. A técnica de Gauguin, que funde influências de vários estilos, incluindo o impressionismo com elementos da arte primitiva, permite um diálogo entre o moderno e o tradicional, captando a essência de uma época e a experiência humana através do olhar destas duas crianças.

Concluindo, “Retrato de Duas Crianças (Paul e Jean Schuffneker)” é uma obra que renova no espectador o fascínio pelo jogo entre cor, forma e emoção, encapsulando a mestria de Gauguin num momento que é ao mesmo tempo pessoal e universal. Através desta pintura somos convidados a refletir sobre a infância, o tempo e a essência pura da humanidade. A obra não apenas representa dois indivíduos, mas também atua como um retrato da consciência de sua época e do talento que ele empregou para explorar e expressar essas verdades emocionais.

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